Toma

A barba cresce e polui o rosto
enquanto ouve o canto lírico dos orixás
e as vistas embaralham o olhar sobre as lentes,
da ótica imprecisa que vence a guerra.

Vivem alguns, outros morrem,
Tudo se resolve.
Mas ele carrega consigo as chagas poéticas,
feitas de aço, feridas a ferro, fundidas a vácuo,
misturadas a carbono 14.

E saiu depressa de casa
antes mesmo de escrever e engolir o remédio:
- Alívio instantâneo para o peito vazio -

Mas ele levantou as mãos para o céu,
pegou no ar um pedaço de papel de pão
e escreveu: - cerveja gelada, 50 graus GL.-
Bebeu e seguiu em frente.

Fez de sua poesia
Uma ode escrita: vale uma sobrevivência.
E sobreviveu com ela.

Em todos os Tons,
somos engolidos como em doses homeopáticas.
Mais um trago?
Não sei...
Pergunte a nossos amigos...

Mas do que necessita senhor?
Um si maior, por favor.

Não vá

No prazer da dor, na hora H da partida,
você procura todos os modos líricos
de marcar de repente a cometida violência
de todos os sonhos que a vida produz.

- Mas é minha amiga, e nada aqui reluz ... -

Você não escolheu a poesia
não seria tão hipócrita!
-Grita minha maldita alma parasita-

Este cacifo apócrifo que é planilha de seu universo,
visivelmente não convence a ninguém.
Só a você.
Este borrifo de penas que cai na sua mesa de jantar,
simplesmente não diz nada.

Nada.

Eu nada.
Eu nada mesmo.
Eu ponto de cruz na cabeça do piolho.
Eu vaso de planta da casa do repolho.
Eu molho de nádegas na jazida do restolho.

Há poucas mulheres assim, feito você.

Então escreva comigo querida,
vamos passear pelo bosque
enquanto ainda existe algo humano dentro de mim,
pois depois de poeta, eu serei planta,
depois de mim, eu serei como o Ipê,
amarelo.

Mas não se esqueça de mim.
Pois é por você que renascerei
Sempre.