A Fome (chorume).

E agora é a Fome que embala seus cabelos hirsutos…

Dona daqueles olhos cavos,
de pura pele pálida e dura…
Os lábios sujos repousam descorados e murchos.

Salta o sangue que esguicha do tronco ferido!
O que restam das folhas e as glandes perderam a cor
e os galhos soltos desfalecem sofridos.

É quando você desperta faminto.
Come com apetite devorador.
Exige mais alimento, mais bebida.
Sua fome cresce, cresce, CRESCE…

Sua fome, filha da Noite, cresce no golfo sem fundo de seu ventre,
Já havia consumido parte dos bens que herdara do pai.
Não existe agora outra coisa senão comer e uivar de dor.

E depois de anos de dedicação às artes escritas,
entre algum relapso da maldade torta da própria solidez,
você segura firme naquele poema que leva seu nome.

Coma!
O poema…
Coma!

Coma, depois me escreva uma lembrança
com o que resta de seus membros.