Quem sou eu?


Sou um estudante de engenharia que gosta de poesia.
É isso mesmo! A minha engenharia gosta de poesia.
Pra lembrar o grande mestre Joaquim Cardozo (um grande poeta engenheiro, responsável pelos cálculos estruturais na construção Brasília e possuidor de uma riquíssima obra poética) e os avanços de suas metáforas tiradas das leis da física: ‘‘Harmonia do equilíbrio!/Cega dinâmica embaraçada entre linhas/De força magnética!/Em hélices seguindo e refletindo: dança de elétrons e prótons/Matéria-mater do mundo.’’

Tão apurado assim, um dia eu serei.
E o equilíbrio destes versos, eu pretendo seguir.
Em uma primeira visão, poderia ser isto muito simples, mas confesso que vivo sempre num dilema.
Por vezes sou muito mais um estudante de poesia que gosta de engenharia.
É... A minha poesia gosta de engenharia!
Tantas noites mal dormidas, lendo sobre deuses e heróis da antiguidade clássica, bem na véspera de provas matemáticas,
Tantos atrasos na faculdade eu sofro.
Sofro...
Uma total irresponsabilidade minha certamente,
Mas a poesia me persegue...
Como a praga da sarna segue aquele que não toma banho todo dia,
É um coça, coça, roça, roça, sem alívio...
que incomoda a todos que de mim se aproxima.

E por tais razões, é que escrevi estes versos:
“Meu Deus...
O que será de mim?
Da minha vida, meus poemas...”
Mas agora respondo:
Sei apenas do meu cantar neste instante
e a única água que me banharei e que beberei, será aquela brotada um dia
pelas patas de um equino alado.

A água que mata a sede da vida.
A vida, esta escrita enigmática...

Vinícius de Moraes (Discos)

 
1963 - Vinicius e Odete Lara

1965 - No Zum Zum (Vinicius e Caymmi)

 1966 - Os Afro-Sambas
(Baden Powell e Vinicius de Morais)


1966 - Poesia e Canção Ao Vivo

Songbook (Baden Powell)

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Baden Powell (Discos)

 
1959 - Apresentando Baden Powell e seu violão

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 1962 - Baden Powell swing with Jimmy Pratt

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 1966 - Tristeza on guitar

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1966 - Tempo Feliz (Baden e Maurcio Einhorn)  
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1969 - 27 Horas De Estúdio 
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1971 - Estudos
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1971 - Solitude on Guitar
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1971 - É de lei
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1973 - Apaixonado 
Download (Apaixonado):
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1974 - Stephane Grappelli & Baden Powell - La Grand Reunion Vol. 1
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Download (Live in Hamburg):
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Baden Powell (Bibliografia)

 
  

(Vídeos)

Violão

Uma lembrança:
É a vida...
esta escrita enigmática de dois pilares pequenos,
que me entorna a face
e me fere os olhos insanos.

Mas tudo que vejo em minha frente,
é Eurídice a serpentear ao longo de um rio que passa
e eu paro e espero a valsa acabar.

Quando a noite chega sentada num carro branco,
com um véu semeado de estrelas,
é a deusa das trevas
que cobre de luto minha natureza.

Esfrego as mãos nos olhos da razão:
Não pode ser!
Não pode ser mão!
Não poderiam ser olhos não!

Mas aqui está este cavalo branco
a se fazer presente.
Estas asas compridas.
Este meu peito dormente.

Volte meu amigo,
Leve – me consigo àquela fonte.
Quero beber daquela água.
Contemplar o meu futuro.

E ele voa,
ao longo do todo.
Do Tudo.
Meu próprio ego foi - se embora.
Meu ato ficou mudo.

É a filha do Caos
que permeia o vento.
Neste meu quarto escuro.
Este meu grito são.

É a vida.
Minha diva e meu divã.

Eu e meu violão.

Ricardo Abdala.

Realmente

Há sempre a dívida da metade do pre a percorrer o presente,
e a metade do p,
que se encaminha em meio ao silêncio
no centro da metade do pensamento
desde a gênese do nada,
Que você criou agora
sem nunca sair do lugar.

Realmente...

Finge você que se esqueceu de dar o recado,
pois não quero ver nem falar...

que o dia que isto acontecer vai ser assim,
de surpresa.
Quando a gente topar por ai.

- E O PRESENTE?
Não tô nem ai pra presente!
Não tenho dó.

Agora acalma –se:
Ao pres do presente
fico parado
meio doente,
no meio do ente.

Algum pretexto para este pretérito quase perfeito?
Venha até aqui a toa agora!
Já lhe disse que todos os momentos do mundo são poéticos?

Realmente...
E foi uma noite linda.
Adorei quando quis ir embora e você pediu que eu ficasse.
Você gosta da minha companhia
e eu gosto do seu cheiro.

Ricardo Abdala.

Resto da vida

Na cama,
vamos falar sobre o poema.
Problema?
Não.
PÓ - EMA.

Naquela época
vinham de fábrica
cigarros sabor leite materno
e as pessoas bebiam com graça
café preto com cachaça.

Eu tentava a vida toda
apagar da memória
- 89 anos de existência -
insistência talvez, naquilo
que não se resolve.

A dor que desatina o peito,
derrama o sal sobre o rosto.
A luta que nos veste de preto.

Aqui mesmo nesta ponte,
os anos passam e resta
apenas o que somos
-a outra metade do pão-

Miércoles mortais,
da quarta - feira de cinza,
um dia depois
da nossa própria vida.

Ricardo Abdala.

Sentido

Esperam mesmo que digiramos o canto espasmódico
que retumba do ventre acídulo de nossa aldeia...

Ah saudade! Ai quem dera!

Senta aqui!
Ouça você!
Saiba que somos o disco preto riscado, tocando da parte de trás para frente,
a retórica mecânica de nossos progenitores,
a aritmética escrita nos espinhos das rosas caídas na porta dos templos ateus.

Somos as lágrimas sem rapa, derramadas sobre a estética.
A autêntica aulética da botânica das flautas.
A música que sai dos olhos cegos de nascença.
O ritmo que soa do silêncio dos sinos bêbados.

Somos eu.
Somos você.
Somos nós.

Somos o Pã
e a pá.
O pó
e a pólvora.
A carapaça das tartarugas tresmalhadas.
O som que sai do sopro
dos poemas sem pautas.

A parte da saudade que me dera,
Que deveras
saber sobre.

Espera mesmo...

Ricardo Abdala.

Poema Mudo

É preciso estar doente,
sentar - se à beira das calçadas escuras,
sentir a pele da face suja,
provar da fome que se tem.

É preciso encontrar o Homem onde ele menos diz que se procura.

E nas secas da solidão, eu beber do resto
onde nasce o poema, na calma vazia, da cama vazia
inconstante agonia dos eus que nossa vida suja, profana, procura.

Eu invisto na vida como o samba veste a tristeza.
Cheio de defeitos e verdes de mágoas, promove a alegria,
em um poema sujo, profano, escuro.
Faz jaz aos meus mitos que não são pra explicar as origens do mundo.

Meu poema mudo.

Com todo respeito, Sophia,
você saberia onde enraízo a alegria?
Você sabe aonde vai meu violão vadio?

Você apenas passa, por onde passa
e não passa mais, pois eu a escuto,
naquele cinema mudo.
Que a vida muda, pára e grita ao som dos ouvidos surdos
do velho cego Rei.

Sente Sophia, a filarmônica dos fariseus
e afasta de nós a fila da espera da vida, Sophia
e kant comigo este verso último
pois eu a escuto,
sentado na origem do mundo,
aonde passa o velho cego, calado e surdo.

Mudo, meu poema mudo.

Ricardo Abdala.